Boas Práticas na Indústria: Estação de Tratamento de Águas Residuais em Espanha

Sumário

Breve introdução ao problema
As estações de tratamento de águas residuais (ETAR) são potenciais emissoras de odores devido, simplesmente, à natureza do produto que tratam; e sobretudo quando na sua conceção não se considerou essa variável específica, nem foi planeada simulando o facto da população vizinha da unidade de tratamento poder crescer consideravelmente em poucos anos.
Existir uma administração, como a Entidade Pública de Saneamento de Águas Residuais da Comunidade de Valência (EPSAR), empenhada em minimizar o impacto dos odores das ETAR e apoiada por empresas operadoras tecnicamente capacitadas para resolver este problema, eis a chave para a necessária coexistência entre os geradores do impacto e os recetores dos odores.

Descrição do Problema

Qual é o tipo, tamanho, localização e características técnicas da instalação?
A estação de tratamento de águas residuais de Camp de Turia II está localizada junto ao rio Turia e, na margem oposta, existe uma urbanização de, aproximadamente, 200, moradias unifamiliares. A estação trata um caudal de, aproximadamente, 10000 m³ / dia de diversos municípios e áreas industriais.

Qual era o problema? Quantos cidadãos foram afetados e por quanto tempo?
Com o aumento da população na urbanização próxima, a menos de 500 m da unidade na margem oposta do rio, começaram a ser recebidas queixas sobre maus odores.

Fase de comunicação do problema

Como é que o problema foi levantado? Qual foi o encaminhamento das queixas?
A associação de moradores da urbanização elaborou e distribuiu aos seus residentes um formulário/inquérito de reclamação. Recolhidos periodicamente, eram apresentados ao Município que, após o registo das entradas, fazia-os seguir para a entidade que gere a ETAR.

Fase de monitorização

O problema foi monitorizado? Se sim, como? Que técnicas / métodos foram aplicados?
As possíveis causas dos problemas dos maus odores começaram a ser analisadas através de tentativas de identificação das fontes de emissão e medições do fluxo de aspiração em vários pontos das tubagens, ao longo dos diferentes edifícios.

Qual foi o resultado da fase de monitorização?
Foram identificadas várias fontes possíveis: sistema de desodorização química com um fluxo de aspiração insuficiente, sem foco na aspiração, sem aeração (sem agitação) em tanque de homogeneização (2700 m³ e área de 800 m²), canais de desodorização ao ar livre, entre outras.

Fase de avaliação

Como é que os dados foram analisados? Como é possível ter acesso aos dados recolhidos?
Os dados recolhidos pelo anemómetro foram usados pela EPSAR para avaliar o problema e para preparar um projeto em colaboração com uma empresa de engenharia especializada.

Fase de resolução

Como o problema foi resolvido? Qual a tecnologia que foi aplicada?
A desodorização química foi duplicada, passando a existente apenas a ser aplicada para a desodorização do edifício de secagem e a nova para o pré-tratamento, desagregamento e decantação primária. Todos os equipamentos e canais nos edifícios de pré-tratamento e secagem de lamas foram cobertos. Foi construído um edifício em Polímero Reforçado com Fibra de Vidro (PRFV) para alojar os canais de desagregamento que antes se encontravam a céu aberto. Igualmente procedeu-se à construção de um canal de desvio do tanque de homogeneização para eliminar os sedimentos acumulados ao longo dos anos (não havia bypass) e foram instaladas grades de difusores de bolhas finas. Os decantadores primários foram cobertos e desodorizados. A rede de aspiração da nova planta por meios químicos era levada aos decantadores primários (o anterior chegava à peneiração fina).
Para além deste conjunto de ações, como empresa operadora das instalações, e sempre com o objetivo de minimizar o impacto devido aos odores na comunidade, foi proposta a reconversão do tratamento da ETAR para um sistema de arejamento prolongado. Desta forma, foi eliminada a etapa de decantação primária que gera lamas pouco estabilizadas que causam problemas de odores. Por outro lado, os digestores aeróbios existentes, que eram fonte de queixas de maus odores em alguns períodos, foram transformados em reatores biológicos.

No âmbito das práticas realizadas para minimizar a geração de sulfureto de hidrogénio nas instalações, foi alterado o modo de funcionamento do espessador de lamas. Essa modificação consistiu numa alimentação de carga que reduz o tempo de retenção da lama e, com ele, o grau de o grau de anaerobiose que promove a geração de sulfureto de hidrogénio nesta etapa.
Quem / como as diferentes partes interessadas foram envolvidas na solução do problema?
A EPSAR deu o apoio económico necessário para a realização das diferentes ações. A SAV-DAM, como empresa operadora, disponibilizou a sua capacidade técnica com propostas de soluções e / ou alternativas de tratamento. A associação de moradores em conjunto com o município deu, e continua a fornecer, o feedback necessário para perceber a utilidade de novas ações, garantindo assim, que o que foi feito continua eficaz.

Quanto isso custou? Quem pagou por isso? Quanto tempo levou?
O custo das ações foi assumido pela EPSAR. Estas ações foram realizadas ao longo dos anos em que o consórcio SAV-DAM opera a ETAR de Camp de Turia II.